21 de mai. de 2010

Nísia Floresta (1810-1885)




 Almeida Júnior
 No século XIX, com o advento dos romances e principalmente dos folhetins, algumas mulheres começaram a escrever e publicar, apesar das dificuldades de acesso à palavra escrita e à educação. Destaca-se na primeira metade do século XIX a presença de Nísia Floresta Brasileira Augusta, pseudônimo de Dionísia de Faria Rocha, que escrevia em jornais do Rio de Janeiro e provocava polêmica por suas idéias abolicionistas e republicanas. Outras mulheres escritoras, como Ana de Barandas, Maria Josefa Barretos, Delfina Benigna da Cunha, Maria Firmina dos Reis, Julia de Albuquerque Sandy Aguiar, Narcisa Amália de Campos, figuram entre essas pioneiras que assumiram ao longo do século posições liberais e escreveram chocando a conservadora sociedade da época.
Porém, mesmo entre os escritores e intelectuais,  as manifestações favoráveis ao acesso à educação e à criação artística pelas mulheres não eram vistas com bons olhos e a maioria considerava que elas deveriam permanecer nos lugares tradicionais que lhes foram reservados, ou seja, entregues aos cuidados da casa e dos filhos. Quando muito deveriam pautar-se por escritos delicados e considerados femininos, sem agressividade ou preocupações políticas e sociais.
(Margareth Franklin, in  Clarice Lispector e os intelectuais no Estado Novo- 2009)

Trechos de obras de Nísia Floresta  
“Flutuando como barco sem rumo ao sabor do vento neste mar borrascoso que se chama mundo, a mulher foi até aqui conduzida segundo o egoísmo, o interesse pessoal, predominante nos homens de todas as nações.”  Em “Passeio ao Jardim de Luxemburgo”, 1857. 
“A escravidão (...) foi sancionada pelos mesmos homens, que tudo haviam sabido sacrificar para libertar-se do jugo de seus opressores, e assumirem a categoria de nação livre! Eles, que acabavam de conquistar a liberdade, não coravam de rodear-se de escravos!” Em “Páginas de uma Vida Obscura”, 1855.
“Certamente Deus criou as mulheres para um melhor fim, que para trabalhar em vão toda sua vida.” Em “Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens”, 1832.
“As dores morais do negro passam despercebidas nas habitações do branco.”  Em “Páginas de uma Vida Obscura”, 1855.
“Todos os brasileiros, qualquer que tenha sido o lugar de seu nascimento, têm iguais direitos à fruição dos bens distribuídos pelo seu governo, assim como à consideração e ao interesse de seus concidadãos.”  Em “Opúsculo Humanitário”, 1853.

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