19 de abr. de 2010

as flores de plástico não morrem

G. Braque

O silêncio dos intelectuais é  também a confirmação de que o espaço de liberdade encolheu de tal forma que ninguém mais fala e ninguém escuta, em meio a  algazarra geral que virou a facilidade de manifestar posições na babel eletrônica das redes de comunicação. Nada dura além dos 15 minutos da fama de cada idéia, acontecimento, fato histórico, tragédia pessoal, catástrofe natural, feitos de celebridades, bizarrices anônimas.
Dilma Roussef deposita flores no túmulo de Tancredo Neves e o significado simbólico desse primeiro grande gesto da candidata à sucessão de Lula no segundo colégio eleitoral do país é inequívoco. A ex-guerrilheira e o antigo primeiro ministro no grande laboratório da cultura política mineira parecem dizer de um outro túmulo, onde jaz qualquer pretensão de mudança em um passado que nunca passa.
Trata-se da tradição que prende com um alfinete as asas de borboleta do tempo e o interminável presente feito de passado expõe sempre as ruínas do futuro. A decadência vence e a  longa duração permanece impávida na tradição que muda conservando. São os tempos em que o novo possível se curva diante do mito: as flores de plástico não morrem

Um comentário:

  1. Dileta Margareth:
    Texto maravilhoso. Sinceramente? Não tenho como descrever meu estado de exaltação, pois iniciei a leitura e sobrestive várias vezes para retomar desde o início. Não duvides: o "As flores de plástico não morrem" - hora concludente... hora e meia, merecedor de longo ensaio. Apesar de ser pertinente ao assunto pauta, o texto, a cada expressão, uma reflexão, que induz burcar no âmago do contexto outras e mais outras e outras tantas expressões subliminares.
    Arrebatador. Esse merece cópia e análise, ações essas que farei.
    Congratulações.
    Abraço e:
    "ESTEJA E SEJA E FIQUE FELIZ!"
    Luiz de Almeida & Blog Retalhos do Modernismo

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