No ano de 1922 nasceu a brasileira Clarice Lispector. Ela já havia nascido antes, em algum lugar da Ucrânia, no ano de 5680 do calendário judeu seguido por seus pais, que lhe chamaram de Haia, ou Verdade.
O seu Novo Mundo foi Maceió e depois Recife.
A experiência de nascer refugiada, apátrida, sua família em fuga devido às perseguições aos judeus, com certeza deixou marcas na sua escrita e em suas personagens, vivendo em permanente trânsito entre o mundo real e a sua subjetividade. .
Por isso, talvez, o sentimento de pertencer tenha sido tão intenso para ela, como declara nessa crônica:
Pertencer
(...) Tenho certeza de que no berço a minha primeira vontade foi a de pertencer. Por motivos que aqui não importam, eu de algum modo devia estar sentindo que não pertencia a nada e a ninguém. Nasci de graça.
(...) Pertencer não vem apenas de ser fraca e precisar unir-se a algo ou a alguém mais forte. Muitas vezes a vontade intensa de pertencer vem em mim de minha própria força – eu quero pertencer para que minha força não seja inútil e fortifique uma pessoa ou uma coisa.
(...) A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco não pertencendo. E então eu soube: pertencer é viver. Experimentei-o com a sede de quem está no deserto e bebe sôfrego os últimos goles de água de um cantil. E depois a sede volta e é no deserto mesmo que caminho!
Leia o texto integral em : http://pensador.uol.com.br/autor/Clarice_Lispector/2/
Ela é uma de minhas autoras prediletas. É muito bacana saber que seus textos e livros ainda fazem sucesso... Outro dia mesmo, seu nome estava entre os mais comentados do twitter. Viva Clarice!
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