5 de jun. de 2010

Na rua, contra a guerra

Publiquei esse artigo no jornal O Tempo em 10/01/2009.  Na ocasião Israel chocava o mundo com a ofensiva de guerra contra Gaza. Hoje vejo que em todas as cidades brasileiras onde ocorrem manifestações contra o ataque aos barcos de ajuda humanitária uma suástica foi incluída na bandeira de Israel...


Uma suástica sobre a estrela da bandeira de Israel.

Margareth Cordeiro Franklin*

Nós brindamos o ano novo enquanto os terroristas do Estado de Israel espalhavam mísseis sobre os civis de Gaza. O terror dos bombardeios via satélite, as crianças despedaçadas estampadas nos jornais, o sangue lavado nas ruas pelos jatos de água dos caminhões, são imagens que desmentem qualquer possibilidade de justificar ações que podem ser consideradas exemplares do terrorismo de Estado.
No Ocidente, as tímidas manifestações de censura à barbárie por parte dos governantes dos diversos países e da ONU não são fortes o bastante para deter o desejo sádico de quem quer exibir a força das armas porque sabe que jamais terá a força da liderança verdadeira sobre os povos cujas terras foram pilhadas. No Oriente, crescem e radicalizam os clamores contra a guerra, ameaçando a generalização do conflito e a paz mundial. O terrorismo de Estado, como qualquer forma de terrorismo e de poder fundado sobre a força opressiva das armas, rasga os direitos humanos e pisa na nossa humanidade, jogando por terra tudo que imaginamos precioso como engenho da civilização.
O Estado de Israel foi fruto também das negociações espúrias dos ricos judeus e seus poderosos rabinos com os comandos nazistas, a quem cabiam decidir quem ia fugir nos trens que atravessavam a Europa em direção à terra prometida, que eles conseguiam alcançar à custa de uma passagem comprada por milhões de vidas de outros judeus que ficaram nos campos de concentração. Os trens os levavam até os territórios da Palestina, então colônia da Inglaterra, que sacramentou a grilagem. A herança nazista foi incorporada pelos que expulsaram os palestinos de suas terras e os espremeram em Gaza, Cisjordânia e outros novos campos de concentração criados ante os olhos de todos, perplexos ao ver as antigas vítimas tornarem-se os novos algozes de um povo inteiro.
Símbolos do espírito e particularmente do conflito entre as forças da luz e das trevas, as estrelas, tanto para os cristãos quanto para o judaísmo obedecem às vontades de Deus e as anunciam. A estrela de seis pontas, símbolo do judaísmo, simboliza o encontro entre a matéria e o espírito, os princípios ativo e passivo, a evolução e a involução.
Desrespeitando as antigas e as novas leis, para serem coerentes com tanto desprezo por nossa condição humana, os israelenses e seus governantes deviam pintar uma suástica nazista sobre a estrela azul da sua bandeira.

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