24 de out. de 2010

MILITÂNCIA

As coisas se complicaram num segundo turno difícil de engolir para os caciques petistas que julgavam sua tática eleitoral impecável. A aliança com o PMDB, a candidatura com Hélio Costa, as chatas e intermináveis disputas internas no PT, a prévia mal feita e mal amada entre Patrus e Pimentel quando nós já sabíamos de fato que o negócio era a aliança com o PMDB mineiro. E principalmente a relação com o governador Aécio Neves.
Os Movimentos Sociais não entram nessa contabilidade antiquada da direção petista. Faz tempo que as forças da sociedade são “café pequeno” no alto jogo político feito ainda sob a influência na mentalidade de um tempo em que a elite conservadora se dividia em UDN e PSD. Aécio Neves, o adversário dos sonhos dos petistas brasileiros, pessedista redivivo, sempre teve na oposição vacilante da bancada de deputados petistas um aliado poderoso ao seu governo. Então com uma imprensa totalmente controlada e o poder de uma hegemonia absurda no legislativo, fez e desfez, déspota falsamente esclarecido elegendo seu filósofo de plantão, Anastasia, e manipulando os cordões da marionete sempre disponível, Itamar Franco. 
Hélio Costa e Pimentel não foram eleitos. Dilma foi para o segundo turno. Bela tática...
Então, como isso foi possível? Como chegamos, de novo, ao limite do empate com as forças conservadoras, os caciques estaduais, os velhos coronéis de sempre? Como perdemos o charme da ideologia libertária para cairmos na sedução da política como espetáculo? Tanto foi feito no Brasil do governo Lula e por que um velho lustre aceso numa longínqua casa grande ainda domina a escolha das pessoas através do aparelho de TV?
O jogo ficou muito tenso e devo dizer que ao longo desses anos todos, essa foi a hora mais decisiva vivida na política brasileira. A possibilidade de voltar ao poder assanhou os conservadores e forçou uma guinada idem no discurso de Dilma, que foi à Aparecida, rezou, negou o aborto e ficou acuada sob ataques ao governo.
Todos sentimos juntos o vapor sórdido da onda de mentiras, calúnias, dissimulações, e a aplicação obstinada do discurso fascista de moral, vida privada, controle, criminalização. A coisa atingiu, para mim, seu limite quando José Serra referiu-se ao MST como caso de polícia e de novo a ameaça pesou feio sobre tudo que foi construído esses anos todos no Brasil dos esquecidos.
Nessa  hora tensa, como em todas as horas tensas que vivemos antes, a militância saiu em cena e promoveu o verdadeiro espetáculo da política: o das multidões em movimento. Aconteceu com a carreata marcada para a Pça do Papa, em BH. Lula e Dilma animaram uma gigantesca caravana que parou a cidade. Ao fim do seu discurso, tive a chance de ver de perto o Presidente Lula e ele chorava, emocionado.
As ruas cobertas de bandeiras, os sorrisos largos, a felicidade pública transbordando e as lágrimas do presidente, grande artista dessa obra, podem dizer daquele instante exato em que simbolicamente as forças dos que lutam a vida inteira e são por isso, imprescindíveis, pesam decisivamente. Os militantes, eles existem. 
Depois desse dia as pesquisas trouxeram algum alívio e agora, nesta reta final de campanha, a palavra de ordem deve ser uma só: desliguem a TV e vamos prá rua. Mesmo que a rua seja uma cyberrua repleta de endereços eletrônicos. A internet é do povo, como o céu é do gavião!!!

22 de out. de 2010

O Beijo no Asfalto

Que a humanidade vença o embate contra os ciborgs do capitalismo totalitário. O beijo, um protesto contra a aprovação da reforma da previdência na França, empresta a luz da delicadeza contra o sombrio dos soldados. Na pátria dos direitos, a retirada dos direitos dos trabalhadores não ficou sem respostas e a luta prossegue nessa verdadeira barricada do desejo... (foto: Folha São Paulo 22/10)

19 de out. de 2010

Situação dos moradores 
Torres Gêmeas BH - Outubro 2010 - Raquel Rolnik
VEJAM: http://www.youtube.com/watch?v=_ccw1d8jud8

16 de out. de 2010


O debate sobre o aborto nas eleições de 2010.
Por Margareth Cordeiro Franklin (Professora  de história do CEFET MG)

A desfaçatez da elite brasileira é a sua maior marca registrada e principal prova de que estamos lidando com os mais ferozes donos do poder do mundo. Assim tem sido ao longo da história e no caso do debate absurdo travado sobre o aborto neste segundo turno das eleições presidenciais. É lamentável que a defesa da vida seja tão contundente apenas para os que ainda não nasceram, enquanto na vida real milhões de crianças e jovens perdem a vida todos os anos por causas violentas. De morte morrida no trânsito ou matada no crime, no confronto com policiais, com facções rivais ou podres de crack, álcool ou outras drogas.
Homens bons, cordiais, senhoras bem vestidas, mães de família, religiosos humanistas e bem intencionados. Todos são cordiais e de bem,  mas fecham os olhos à matança de mulheres pobres, abandonadas, sem fé, sem lei e sem rei no Brasil mestiço, desavergonhado, dissimulado, bestial e machista ao extremo. Ninguém fala da mulher? Da permanência histórica das suas dores e horrores? Na sua responsabilidade moral e física pelo ato do aborto e da dor exposta publicamente ainda ser crime e condenação? 
As mulheres são os lados fraco e forte nessas eleições. As feras cinocéfalas rugem contra as chances de uma mulher chegar à presidência. A mídia deixa cair sua máscara de imparcialidade e se entrega inteira, meretriz das benesses de um tempo de névoas. E inventa livremente a pauta política nas falas cretinas dos editores em uma nação que se divide de novo em personagens machadianos, no teatro de acontecimentos que vão definir nosso destino político daqui a poucos dias.
A mídia manda e o aborto vira assunto prioritário a assanhar os partidários do atraso e da ignorância O comportamento da grande imprensa orienta um debate manipulador valendo-se de palavras e sentidos. O absurdo debate  hipócrita torna-se o centro de uma disputa entre os dois brasis: o real, que vive o seu cotidiano e experimenta a navegação em águas prósperas dos últimos 8 anos de Lula na presidência e seus 90% de aprovação ao final do governo, e o virtual, inventado pelo poder da Mídia. O quarto poder entra em cena e sem vergonha constrói uma rede de intrigas para  seduzir os eleitores e destruir o voto livre, tão duramente conquistado pela República.
O eleitor se perde entre os discursos religiosos e morais que consideram o  aborto um crime contra a vida. Porém, não percebem que esse debate esconde uma monumental negação à própria Constituição Brasileira, que não admite pena de morte. Quando uma mulher faz aborto sem atendimento médico ela é na prática condenada à morte pela postura moral desses mesmos discursos cheios de boas intenções como o inferno.
Por outro lado, ninguém fala da ausência evidente do homem nesse debate. Onde está a metade masculina responsável pelo aborto? Embriões não são gerados só por mulheres... Nada acontece legalmente com um homem que induz ao aborto? Sequer é lembrado? Como disse o melhor tradutor do espírito dissimulado da elite brasileira, Machado de Assis, no caso do aborto em debate “ a mentira é muitas vezes tão involuntária como a respiração.”

12 de out. de 2010

Mídia Gambiarra

 A democracia brasileira expõe através da sua mídia mais poderosa a permanência de uma tradição autoritária comandada pela elite mais conservadora do mundo. Nessas eleições, o posicionamente desavergonhado da grande imprensa em favor do candidato tucano incluiu seduzir, mentir, omitir, demitir, perseguir, ferir, excluir. 
Esse arremedo de quarto poder do Estado revela sua verdadeira face: a gambiarra de liberdade que ata a imprensa ao jogo dos  interesses que comandam as nossas vidas.


Gambiarras: Cao Guimarães

3 de out. de 2010

Eleição em manhã de névoas. A mídia se une para gritar pelo segundo turno. O povo, de novo, assiste bestializado o resultado ser construído segundo o previsível cálculo da política  como espetáculo.
Os cidadãos continuam emprestando a sua bandeira para  uma cena com incertos protagonistas.

1 de out. de 2010

Às vésperas da eleição geral que abala o país ou entedia os telespectadores com a política reduzida à plástica do marketing eleitoral, a polícia republicana baixa o porrete nos sem- casas acampados na porta da Prefeitura de BH, governada por um sujeito que recebeu as chaves da cidade das mãos do PT. Feio demais. Movimentos sociais no Brasil continuam sendo caso de polícia, como sempre foi... Nossas esperanças se renovam na resistência do povo das ocupações Dandara, Camilo Torres, Irmã Doroty e Duas Torres. Pátria Livre. Venceremos!!