As coisas se complicaram num segundo turno difícil de engolir para os caciques petistas que julgavam sua tática eleitoral impecável. A aliança com o PMDB, a candidatura com Hélio Costa, as chatas e intermináveis disputas internas no PT, a prévia mal feita e mal amada entre Patrus e Pimentel quando nós já sabíamos de fato que o negócio era a aliança com o PMDB mineiro. E principalmente a relação com o governador Aécio Neves.
Os Movimentos Sociais não entram nessa contabilidade antiquada da direção petista. Faz tempo que as forças da sociedade são “café pequeno” no alto jogo político feito ainda sob a influência na mentalidade de um tempo em que a elite conservadora se dividia em UDN e PSD. Aécio Neves, o adversário dos sonhos dos petistas brasileiros, pessedista redivivo, sempre teve na oposição vacilante da bancada de deputados petistas um aliado poderoso ao seu governo. Então com uma imprensa totalmente controlada e o poder de uma hegemonia absurda no legislativo, fez e desfez, déspota falsamente esclarecido elegendo seu filósofo de plantão, Anastasia, e manipulando os cordões da marionete sempre disponível, Itamar Franco.
Hélio Costa e Pimentel não foram eleitos. Dilma foi para o segundo turno. Bela tática...
Hélio Costa e Pimentel não foram eleitos. Dilma foi para o segundo turno. Bela tática...
Então, como isso foi possível? Como chegamos, de novo, ao limite do empate com as forças conservadoras, os caciques estaduais, os velhos coronéis de sempre? Como perdemos o charme da ideologia libertária para cairmos na sedução da política como espetáculo? Tanto foi feito no Brasil do governo Lula e por que um velho lustre aceso numa longínqua casa grande ainda domina a escolha das pessoas através do aparelho de TV?
O jogo ficou muito tenso e devo dizer que ao longo desses anos todos, essa foi a hora mais decisiva vivida na política brasileira. A possibilidade de voltar ao poder assanhou os conservadores e forçou uma guinada idem no discurso de Dilma, que foi à Aparecida, rezou, negou o aborto e ficou acuada sob ataques ao governo.
Todos sentimos juntos o vapor sórdido da onda de mentiras, calúnias, dissimulações, e a aplicação obstinada do discurso fascista de moral, vida privada, controle, criminalização. A coisa atingiu, para mim, seu limite quando José Serra referiu-se ao MST como caso de polícia e de novo a ameaça pesou feio sobre tudo que foi construído esses anos todos no Brasil dos esquecidos.
Nessa hora tensa, como em todas as horas tensas que vivemos antes, a militância saiu em cena e promoveu o verdadeiro espetáculo da política: o das multidões em movimento. Aconteceu com a carreata marcada para a Pça do Papa, em BH. Lula e Dilma animaram uma gigantesca caravana que parou a cidade. Ao fim do seu discurso, tive a chance de ver de perto o Presidente Lula e ele chorava, emocionado.
As ruas cobertas de bandeiras, os sorrisos largos, a felicidade pública transbordando e as lágrimas do presidente, grande artista dessa obra, podem dizer daquele instante exato em que simbolicamente as forças dos que lutam a vida inteira e são por isso, imprescindíveis, pesam decisivamente. Os militantes, eles existem.
Depois desse dia as pesquisas trouxeram algum alívio e agora, nesta reta final de campanha, a palavra de ordem deve ser uma só: desliguem a TV e vamos prá rua. Mesmo que a rua seja uma cyberrua repleta de endereços eletrônicos. A internet é do povo, como o céu é do gavião!!!
Depois desse dia as pesquisas trouxeram algum alívio e agora, nesta reta final de campanha, a palavra de ordem deve ser uma só: desliguem a TV e vamos prá rua. Mesmo que a rua seja uma cyberrua repleta de endereços eletrônicos. A internet é do povo, como o céu é do gavião!!!