21 de mar. de 2010



Cultura em BH: triste horizonte

       Da janela lateral, uma esquina inesquecível: Aimorés com Maranhão, quase Serra. Casarão antigo, Bar Brasil dos frementes anos 80, 90,2000 acima até acabar espigão sem graça, diamante de blindex e granito, compacto, violento, monumento à barbárie do capital e da técnica. A memória não vale mais nada. E aceitamos com uma passividade surpreendente eles levarem mais do que nosso jardim inteiro. Já estão levando nossa história enquanto inventam desejos, mitos e ídolos para acreditarmos pela televisão.
        O Bar Brasil condenado por uma ação irresponsável do administrador público e/ ou dos proprietários a virar uma portaria, na melhor hipótese, de um poderoso condomínio. A clareira formada pela esquina e a rua sem saída numa cidade com tão poucas praças e largos será preenchida por mais uma torre, prejuízo ambiental maior que a própria casinha sempre azul, de venda, linda, o Bar Brasil, querido para a cidade.
      Também querem nos privar da Praça da Estação, onde o PT comandou o mais belo comício do mundo, para milhares de pessoas que, debaixo de chuva, em 1989 ,gritavam Lula lá. Agora, BH na contramão e a praça fica proibida às grandes manifestações, mesmo as religiosas. Aliás, são as manifestações religiosas que mais usam e danificam a Praça hoje em dia, pois, a política deixou de usar as praças preferindo os bastidores e os movimentos sociais, enfraquecidos, não estão em fase de ocupar e resistir grandes espaços.
       Agora, o FIT foi cancelado e BH sem Festival este ano.
       Que é isso companheiros? Vocês não acham que a essa altura, piorar na Cultura é um contra senso?
       Quer dizer, é preciso um esforço coletivo e gigantesco para mudar mentalidades, construir valores civilizatórios e padrões éticos de convivência comum, impossível sem a educação e a cultura. Precisamos frear o trem descarrilhado do progresso entendido como afirmação da lógica do capital e substituir por uma lógica do humano, da sustentabilidade que é ainda só uma palavra, antes que o planeta se despedace. Precisamos da liberdade da arte para reinventar a realidade, para saber das suas infinitas possibilidades, para sonhar...
         Numa cidade longe do mar, com pouquíssimas praças e áreas de lazer coletivo, a arte e todas as manifestações da cultura, inclusive a cultura política, fazem parte da vida dos cidadãos, são a sua praia. O Festival de Teatro tem sido um desses belos momentos de arte coletiva, de fascínio da multidão seduzida pelo espetáculo. E vem uma turma tosca e confunde FIT com Copa do Mundo e eleições gerais em outubro!?!
          FIT, Praça da Estação e Bar Brasil: triste horizonte...

(Margareth Cordeiro Franklin )

3 comentários:

  1. Triste horizonte...
    Estou bastante pessimista. Com ou sem resistencia, um a um os casaroes e junto com eles a memória da cidade foi e esta sendo posta abaixo. Belo Horizonte pode ser chamada de "arranha-céu horizonte".
    Me lembro que de cima de um caminhao na greve dos bancários, pedimos misericórdia para nao derrubarem o cine Metrópole. Hoje a rua Goiás é um triste canto, sem personalidade, esquecido nos fins de semana. Quem passa por alí nem sabe que alí existia cinema.
    Horizonte sem memória, triste história.
    Solange Ayres

    ResponderExcluir
  2. Estou tentando enviar comentários sobre o seu blog há muito tempo, eu não consigo. Estou tentando novamente, se der certo, informo que eu e o Evandro acessamos o seu blog toda semana.
    Que legal que a Solange apareceu, sauadades dela.
    Eu frenquentei o Bar Brasil desde o dia que cheguei em BH, até a nossa vinda para Brasília.
    Todos os visitantes que chegavam em BH, eu levava para conhecer o Bar Brasil. A cerveja gelada, a carne de panela maravilhosa e o preço era honesto.
    Beijos
    Vasti e Evandro

    ResponderExcluir
  3. Alo Evandro querido! O meu email é ayresayres@t-online.de
    Se voce tiver telefone, me mande para a gente conversar fiado.
    Um grande abraco
    Solange

    ResponderExcluir