Cinthia Marcelle: "Sobre este mesmo mundo" |
Fotos: Margareth |
Das muitas obras presentes no espaço insuficiente do Palácio das Artes, confirmando o quanto BH ainda é provinciana e carente de arte e cultura, um trabalho chamou minha atenção. Trata-se da obra de Cinthia Marcelle, "Sobre este mesmo mundo": A paisagem desértica do pó de giz mostra o que restou das muitas inscrições feitas no quadro. Palavras, fórmulas, desenhos, rabiscos, leis, verdades, metafísicas. Tudo apagado e esquecido.Soterrado como os sonhos dos que escreveram ou leram o que ali estava.
Pode ser também uma metáfora do trabalho pouco valorizado dos que ainda ensinam e aprendem. Seres obsoletos, desvalorizados e cada vez mais dispensáveis na era das estatísticas de produtividade, do saber quantificado, do predomínio absoluto do ctrl c+ ctrl v= verdade, das coleções de títulos e diplomas acadêmicos como sinônimo de conhecimento.
A educação na era do vazio de pensamento e do mal banalizado transformado em normalidade está bem representada pelos muitos desertos evocados na obra.
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