Concluo a leitura de Rimbaud na África, de Charles Nicholl. Trata-se de biografia (bastante) ficionalizada do poeta francês que se auto-exilou da literatura e da boemia européia, no fim do século XIX, para ser negociante no Chifre da África.
Modernista de vanguarda , em linha direta com Baudelaire, Rimbaud escreveu durante a adolescência: dos 15 aos 21 anos legou à poesia uma obra ímpar e grandiosa que influenciou gerações de artistas posteriores, especialmente os poetas beats e rockeiros que se inspiraram nos seus versos ácidos, irreverentes e irônicos.
O poeta maldito que amava viajar ou como ele mesmo disse, que "tinha asas nos pés", exilado da literatura, buscou na África récem partilhada pelas grandes potências européias um escape, tornando-se mercador, traficante de armas, talvez de escravos, arabista, beduíno, habitante dos imensos desertos que ofereceram sua paisagem inóspita para que ele pudesse acomodar melhor os vazios de sua alma . Os versos trocados por prosaicos cadernos de haveres e deveres aparecem muito pouco no livro.O autor preocupado em recriar e/ou inventar acontecimentos para os itinerários do viajante, busca no que pode obter dos cadernos de mercador e das cartas aos amigos e familiares, algumas pistas para preencher os enigmas dos anos africanos de Rimbaud. Mas mesmo exilada a poesia salta de repente de uma descrição prosaica como o cheiro do café ou de cidades de nomes mágicos.
A leitura é muito agradável e o personagem principal , polêmico e políticamente incorreto, é fascinante....
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