25 de fev. de 2011

Clarice Lispector e Hélio Oiticica

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Presentes na 29ª Bienal de SP, versão BH, Clarice Lispector e Hélio Oiticica denunciam o Estado violência.


Mineirinho era um marginal carioca que foi morto com 13 tiros pelo Esquadrão da Morte, em 1962. A confusa relação entre polícia e bandido nesse época inaugurava os tempos do Estado de exceção que vivemos hoje em sua fase aguda de tráfico, milícias, corrupção, tropas de elite, extermínio de uma geração de jovens. A inversão de papéis foi bem compreendida por Hélio Oiticica com sua bandeira- poema, construída sobre a foto de um outro bandido famoso que também morreu na época: " Seja marginal, seja herói". Oiticica e Clarice viram e compreenderam o significado desses acontecimentos.
MINEIRINHO - CLARICE LISPECTOR (1962)
"No entanto a primeira lei, a que protege corpo e vida insubstituíveis, é a de que não matarás. Ela é a minha maior garantia: assim não me matam, porque eu não quero morrer, e assim não me deixam matar, porque ter matado será a escuridão para mim.
Esta é a lei. Mas há alguma coisa que, se me fez ouvir o primeiro tiro com um alívio de segurança, no terceiro me deixa alerta, no quarto desassossegada, o quinto e o sexto me cobrem de vergonha, o sétimo e o oitavo eu ouço com o coração batendo de horror, no nono e no décimo minha boca está trêmula, no décimo primeiro digo em espanto o nome de Deus, no décimo segundo chamo meu irmão. O décimo terceiro tiro me assassina - porquê eu sou o outro. Porque eu quero ser o outro."

Veja o TEXTO INTEGRAL :

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