Os artistas não temem a solidão.
na busca incansável por imagens
que viram linguagens e depois
para alimentar a imaginação humana.
Quem iria prestar atenção ao ambulante
que carrega dezenas de bolas coloridas às costas
como se fosse um Atlas a carregar mundos?
Quem se importa com os desenhos
que os galhos derrubados das velhas árvores
fazem no chão depois da ventania ?
jogado ao ar das ruas da cidade?
Ou o brilho no olhar de alguém
esgueirando-se no tráfego?
Quem vê as formas das nuvens
Quem trata de guardar os sons
dos insetos na mata sob o sol?
Quem ainda acredita em utopias
como o desejo de liberdade?
Quem não sucumbe ao medo da morte
Por isso os artistas são tão temidos.
Por desvendarem outra lógica
que a obedecida pela maioria.
Ou outra ordem que é capaz
de contrariar interesses ou verdades.
Por isso muitos são submetidos às agruras da escassez,
do anonimato, do esquecimento, das traições.
Os que veneram o poder e as riquezas
e os que se vendem a esses,
pagam o preço alto de perder
a sensibilidade tátil do mundo.
A esses a arte nunca se mostrará.
Porque mesmo que se mostrasse
eles jamais seriam capazes de perceber.
Margareth Franklin in Arte Movimento