O beijo de Klimt.
Desde que li um texto de autoria do grande professor João Antonio de Paula sobre os dourados de Klimt para falar do crepúsculo de Belo Horizonte, passei a me interessar pelo artista .
No caso de O beijo (1907), o dourado banha todo o quadro e está presente no manto do homem e no vestido da mulher, construindo verdadeira moldura para a delicadeza dos corpos desenhados e do beijo prometido entre o casal. Delicados, os dourados se unem em horizontes de mil delícias enquanto os amantes anunciam o beijo que virá. O artista acentua os lábios da mulher que vai receber o beijo em perfeito estado de entrega ao homem que abraça seu corpo. Porém, os amantes fundem mais que as almas apaixonadas no detalhe da cor da pele diferenciada.
Klimt, capaz de uma leitura generosa da riqueza das diferenças, é bem direto na sua defesa da mistura das raças. Os detalhes como o tapete, o manto, a cor da pele, o porte do homem sugerem um não europeu, talvez um árabe, um oriental. O homem é grande, forte e a mulher, ao contrário, é branca, delicada e se entrega ao beijo com a mesma força que o homem e existe entre eles uma comunicação tão evidente do desejo compartilhado que deve fazer desse quadro alguma espécie de citação obrigatória dos estudos sobre erotismo.
A beleza do quadro é exatamente a delicadeza. A combinação perfeita entre amor e delicadeza transforma O beijo na promessa feita entre as diferenças para que a paz seja a certeza entre os povos. O desejo dessa fusão pressentida no quadro é um apelo à mistura entre os povos da terra até finalmente sermos uma só humanidade cheia de diferenças. Mais que qualquer detalhe, sãos as mãos que demonstram essa intenção do artista: as do homem que seguram a cabeça da mulher. As dela, uma apoiando-se sobre a mão do homem e a outra, abraçando seu pescoço.
Klimt, com mãos mágicas, constrói no seu quadro uma utopia, uma possibilidade de sonhar. E o amor entre o homem e a mulher é também metáfora do amor entre todos, rico, dourado, solar.
Desde que li um texto de autoria do grande professor João Antonio de Paula sobre os dourados de Klimt para falar do crepúsculo de Belo Horizonte, passei a me interessar pelo artista .
No caso de O beijo (1907), o dourado banha todo o quadro e está presente no manto do homem e no vestido da mulher, construindo verdadeira moldura para a delicadeza dos corpos desenhados e do beijo prometido entre o casal. Delicados, os dourados se unem em horizontes de mil delícias enquanto os amantes anunciam o beijo que virá. O artista acentua os lábios da mulher que vai receber o beijo em perfeito estado de entrega ao homem que abraça seu corpo. Porém, os amantes fundem mais que as almas apaixonadas no detalhe da cor da pele diferenciada.
Klimt, capaz de uma leitura generosa da riqueza das diferenças, é bem direto na sua defesa da mistura das raças. Os detalhes como o tapete, o manto, a cor da pele, o porte do homem sugerem um não europeu, talvez um árabe, um oriental. O homem é grande, forte e a mulher, ao contrário, é branca, delicada e se entrega ao beijo com a mesma força que o homem e existe entre eles uma comunicação tão evidente do desejo compartilhado que deve fazer desse quadro alguma espécie de citação obrigatória dos estudos sobre erotismo.
A beleza do quadro é exatamente a delicadeza. A combinação perfeita entre amor e delicadeza transforma O beijo na promessa feita entre as diferenças para que a paz seja a certeza entre os povos. O desejo dessa fusão pressentida no quadro é um apelo à mistura entre os povos da terra até finalmente sermos uma só humanidade cheia de diferenças. Mais que qualquer detalhe, sãos as mãos que demonstram essa intenção do artista: as do homem que seguram a cabeça da mulher. As dela, uma apoiando-se sobre a mão do homem e a outra, abraçando seu pescoço.
Klimt, com mãos mágicas, constrói no seu quadro uma utopia, uma possibilidade de sonhar. E o amor entre o homem e a mulher é também metáfora do amor entre todos, rico, dourado, solar.
(Margareth Franklin)